Bill Gates tem pensado um pouco além do tradicional, quando o assunto é o combate as mudanças climáticas. O fundador da Microsoft tem um plano, e não tem nada a ver com painéis solares e turbinas eólicas.
Na visão de Gates, as renováveis são um excelente caminho, principalmente porque estão ficando dia mais baratas e acessíveis. Mas será que isso é suficiente para resolver o problema?
“As energias renováveis estão ficando mais baratas e muitos países estão se comprometendo a depender mais delas e menos dos combustíveis fósseis para suas necessidades de eletricidade. Isso é uma boa notícia, pelo menos em lugares que recebem muita luz solar ou vento. Todos os que se preocupam com as mudanças climáticas devem esperar que continuemos a descarbonizar a maneira como geramos eletricidade. Eu gostaria que isso fosse suficiente para resolver o problema. Infelizmente, não é.”
A produção de eletricidade é responsável por apenas 25% de todas as emissões de gases de efeito estufa a cada ano. Portanto, mesmo se pudéssemos gerar toda a eletricidade de que precisamos sem emitir uma única molécula de gases de efeito estufa (o que estamos muito longe de fazer), reduziríamos as emissões totais em apenas um quarto.
“Para evitar os piores efeitos da mudança climática, precisamos chegar a zero emissões líquidas de gases de efeito estufa em todos os setores da economia dentro de 50 anos”, defende Gates.
Mas de onde vêm as emissões de gases de efeito estufa?
Bill Gates costuma dividir esta dinâmica em cinco categorias principais, que ele chama de “grandes desafios para deter as mudanças climáticas”:
Eletricidade (25%): Embora tenha havido progresso no mercado de energia renovável, ainda será preciso avançar mais. Por exemplo, a energia eólica e a solar precisam de fontes de reserva de carbono zero para dias sem vento, longos períodos de tempo nublado e noite. Também precisamos tornar a rede elétrica muito mais eficiente para que a energia limpa possa ser fornecida onde e quando for necessária.
Agricultura (24%): O gado é uma grande fonte de metano; na verdade, se fossem um país, seriam o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa. Além disso, o desmatamento – limpar terras para plantações, por exemplo – remove as árvores que puxam o CO2 do ar e, quando as árvores são queimadas, elas liberam todo o carbono de volta para a atmosfera.
Fabricação (21%): Observe o plástico, o aço e o cimento ao seu redor. Tudo isso contribuiu para as mudanças climáticas. Fazer cimento e aço requer muita energia de combustíveis fósseis e envolve reações químicas que liberam carbono como subproduto. Portanto, mesmo que pudéssemos fazer tudo de que precisamos com energia de carbono zero, ainda precisaríamos lidar com os subprodutos.
Transporte (14%): Carros de baixa emissão são ótimos, mas hoje são responsáveis por pouco menos da metade das emissões relacionadas ao transporte – e essa parcela diminuirá no futuro. Mais emissões vêm de aviões, navios de carga e caminhões. No momento, não temos opções práticas de carbono zero para nenhum desses.
Edifícios (6%): Você mora ou trabalha em um local com ar-condicionado? O refrigerante dentro de sua unidade de CA é um gás de efeito estufa. Além disso, é preciso muita energia para fazer funcionar os condicionadores de ar, aquecedores, luzes e outros aparelhos. Coisas como janelas e isolamento mais eficientes ajudariam. Essa área será mais importante nas próximas décadas, à medida que a população global se mudar para as cidades.
Segundo Gates, os outros 10% finais são uma sexta categoria diversa, que inclui coisas como a energia necessária para extrair petróleo e gás.
“Acho que esses grandes desafios são uma maneira útil de pensar sobre a mudança climática. Eles mostram como a energia não é apenas o que move sua casa e seu carro. É essencial para quase todas as partes da sua vida: a comida que você come, as roupas que veste, a casa em que mora, os produtos que usa. Para impedir que o planeta fique substancialmente mais quente, precisamos de avanços na forma como fazemos coisas, cultivamos alimentos e transportamos pessoas e bens – não apenas como fornecemos energia para nossas casas e carros.”, conclui o empresário, filantropo e ambientalista americano.